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Ocupação da UnB: a reta final

terça-feira, 15/04/08

Ontem,  14 de abril de 2008, se iniciou o décimo segundo dia de ocupação da reitoria da UnB. Após a renúncia definitiva de Timothy, Mamiya e de todo o resto da administração, o ministro Fernando Haddad deu o prazo de terça-feira, 15 de abril, às 18h, para a comunidade acadêmica enviar um nome de consenso para ser o Reitor pro-tempore que assumirá por 90 dias, renováveis por mais 90, com a responsabilidade de acompanhar o processo eleitoral para o novo Reitor da UnB. Caso não se envie um nome de consenso, o Ministro escolherá dentre os nomes que forem levados ao MEC. Na falta de uma alternativa indicada pela Universidade, Haddad intervirá na UnB e indicará pessoalmente o responsável pela transição política entre a gestão Timothy e a seguinte. 
Essa discussão e os rumos da ocupação foram debatidos na Assembléia Geral dos Estudantes do dia 14, ao meio dia, na Reitoria ocupada. Mais de 900 estudantes estiveram presentes, mesmo após a queda da administração central demonstrando a força do movimento para além do Fora Thimothy. 
A pauta de 18 pontos foi renovada. Grande parte dela já está contemplada. Saída do reitor e do vice, pautas de assistência estudantil que já haviam sido acenadas por Mulhollad e seu vice Edgar Mamiya. 
O ponto chave da discussão ficou qual seria a pauta que, quando conquistada, determinasse a desocupação. A definição da Assembléia foi de desocupar a Reitoria quando o Conselho Universitário (Consuni) aprovar as Eleições Paritárias e um Congresso Estatuinte Paritário. 
Imediatamente após a Assembléia, os estudantes se dirigiram ao Auditório Dois Candangos da Faculdade de Educação da UnB, local da reunião do Consuni. 
A imprensa de todo o país estava presente, bem como vários professores e funcionários, que junto aos estudantes, lotaram completamente o auditório e suas imediações. 
A primeira batalha contra o Conselho que se mantém anti-democrático, em que os professores são 70% dos conselheiros e os estudantes e servidores técnico-administrativos 15% cada, foi incluir na pauta a discussão das eleições paritárias e do congresso estatuinte paritário. Com 37 votos a favor, 7 contra e algumas poucas abstenções esses dois pontos essenciais à reconstrução da UnB foram incorporados à pauta. 
Após isso, passou-se a debater as indicações de nomes para ocupar temporariamente a vaga de reitor. Diversos critérios foram levantados, em especial pelo movimento estudantil – que deliberou em Assembléia não indicar ou referendar nomes, apenas apresentar critérios de seleção. Dentre as características levantadas pelo Conselho que o futuro Reitor interino deva possuir é de “não ser ligado às fundações de apoio”, “não concorrer no pleito para Reitor”, “não ser ligado à reitoria destituído”, “ser um pacificador” e “pessoa aberta ao diálogo”. 
Depois de duas horas de reunião, onde a tensão e o calor estavam nas alturas – o primeiro pela crise política na Universidade, o segundo pela falta de conserto do ar-condicionado – foi decidido que o nome deveria ser escolhido no dia seguinte a partir das 14h. 
Essa medida deu tempo para a reunião dos Colegiados dos Institutos discutirem formalmente os nomes para assumir a Reitoria interinamente e deliberarem posição sobre a paridade nas eleições e o Congresso Estatuinte Paritário.
 Ficou evidenciado que o Conselho Universitário tem muitas dificuldades de aceitar o ponto central que levaram os estudantes a ocuparem a reitoria da UnB. A grande maioria, 70%, do Conselho é formado por docentes. Por isso a imensa dificuldade que possuem os estudantes e servidores para reverterem esse quadro.
A fala do conselheiro discente, Fábio Félix, 22 anos, estudante de Serviço Social, mostra a necessidade de quebrar o paradigma do professor como único produtor do conhecimento e da política na Universidade. “Os estudantes mostram com a ocupação da Reitoria que não podem mais ficar calados, mostramos aos professores e à sociedade que temos plenas condições intelectuais de elaborar política para Universidade, assim como os servidores técnico-administrativos”. Muito aplaudido, Félix porém não sensibilizou o Conselho a decidir sobre a questão ainda na tarde da segunda-feira. A expectativa é que se discutam os termos do acordo do Consuni com o movimento de ocupação para se definir o impasse. 
Os estudantes e os servidores não abrem mão da democracia, já alguns professor não querem abrir mão do poder.
Rodolfo Mohr
estudante de Jornalismo/UFRGS
Coordenador-Geral do DCE/UFRGS
http://charges.uol.com.br/2008/04/15/ex-reitor-canta-1406-dos-mamonas/

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